Sunday, December 31, 2006



(img. S. Phansavanhe)

Porque gosto deste meu
mundo dos contrários
de deitar-me quando o sol sai...
de sentir calor em pleno Inverno
de rir quando algo se desmorona…
de chorar apenas por estar feliz.
de sentir quem não está,
ter saudades de quem tenho ao lado…
de ir para a praia quando chove…
de conversar com quem não conheço…

de sussurrar na multidão...
de apimentar a doçura,
adoçar o amargo...

porque se algo não está bem…vira o mundo ao contrário, liberta os nós …
afinal és tu quem tem a varinha de condão!


[muda de ano]

Wednesday, December 27, 2006

...varinha de condão...


"...dizem que virou costas,
rumou para longe,
com a sua varinha de encantar..."
do Lat. incantare
v. tr.,
exercer encantamento em.
seduzir, enlevar, maravilhar.
atrair.
v. refl.,
tomar-se de encanto.
enlevar-se.
maravilhar-se.

desaparecer, tornar-se invisível.

img. paperaincoat

Tuesday, December 19, 2006

?

[pergunta suspensa no ar de hoje, depois da nostalgia que chegou do tempo em que havia recreio, do tempo das palavras simples que escreviam as composições da escola...Depois do tropeção nos velhos contos que me embalaram a infância... Após o mergulho nos mundos onde era rainha, bailarina, "arquiteca", e tantas outras personagens... Revisitando o tempo onde tudo era tão mais simples e colorido ...]
and you? what would it be?

Sunday, December 17, 2006

"se perguntarem por mim...

digam que voei."
a menina coração de pimenta encontrava-se, por estes dias (embrulhada em sonhos), algures na lua, em modo offline...
... "dissera ela, em jeito de despedida,
acrescentando, num murmúrio de voz:
Aqui se guardam todos os males,
se liga o que tem de ser ligado,
e se desliga o que não nasceu para ser ligado."
img. gordo banksy (modificada)
&
excerto de "Se perguntarem por mim digam que voei" de Alice Vieira

Monday, December 04, 2006



In slow moves…
They started a dance…
Trying to understand the music that connects them, trying to understand the strange chemistry, trying to understand the right steps…

[Stranger, forget the music, forget the floor… hold her, and find with a deep shiver new ways of dancing…]

Monday, November 27, 2006

. s p e e c h l e s s .

img. bobi

Wednesday, November 15, 2006

estranha forma de vida

img. sarah joncas
antes mesmo de o inverno cair sobre lisboa...
foi a voz de amália que vibrou em tons de branco-metal enquanto o sol desmaiava no rio.
e foi o rio que correu cá dentro enquanto a voz de amália me chorava...
não sei se terei chorado também. nem reparei.
cores de outono em queda livre,
enquanto as nuvens se alinhavam para chorar em tons de chuva...
tinha chegado o meu inverno.
amornei a alma com tons de chocolate,
prendi-me aos acordes da guitarra.
dancei sem ninguém ver.
tinha chegado o meu inverno.
(não fará frio enquanto eu conseguir dançar)

img. Cinnamon
Depois de histórias antigas, encheu os bolsos de pedras para não voar
[receio de se perder entre as estrelas novamente]
Agora arruma os dias, observa constelações e aos poucos, talvez, deixe algumas pedras pelo caminho…

Wednesday, November 08, 2006

tons de púrpura


img. Karincoma
Em alvos e tons de púrpura relembrei melodias antigas…
[fica alguma nostalgia de miúda]

Laços incondicionais dos amigos
Gargalhadas e gozos inocentes
Maratonas de futebol debaixo daquele sol do sul
Ingénuos romances julgados paixões eternas
Partilha de historias reais e fantásticas
Contagem decrescente até ás férias
Tostas mistas acompanhadas por sumo de máquina
Aventuras por casas supostamente assombradas

De sonhar sonhar sonhar como só sonhamos quando temos o dom de tornar os dias perfeitos apenas porque o professor faltou à última aula ou porque o rapaz do 9ºF finalmente reparou que almoças ao lado dele todos os dias…

E tudo isto voa por entre acordes antigos encontrados por acaso…
"como se o tempo parasse de contar..."

how does that make you feel...

chocada.
"alguém diga ao ao guionista que esta história já foi longe demais!"
o chão fugiu...
ou o céu desabou, nem sei...
talvez amanhã consiga respirar.
"...But we need hints
before we get tired
We need speed
before we lose pace
Now we need a hint
to know we're on the right track."
J. Gonzalez
img. alicia neal


Wednesday, November 01, 2006

sweet november


img. Zum

No escuro levantei o estore de bambu e abri uma fresta da janela.
A bruma laranja dos candeeiros da rua era salpicada com o brilho das gotas da chuva.

Encostei-me ao gelo do vidro, o prolongado arrepio de frio na pele sabia deliciosamente, como que a definir todos os contornos do corpo, os limites da alma…

Via-se apenas duas casas com luz lá fora, todas as outras janelas dormiam.
Apenas uma presença fazia companhia à minha falta de sono, um pontinho vermelho de cigarro surgia discretamente entre os vidros de outro andar.

“Boa noite estranho… companheiro de insónia… espero que a chuva limpe o que não te deixa dormir, amanhã as ruas vão estar mais nítidas e talvez o teu dia também.”

Fechei a janela… daqui a duas horas o despertador toca e por momentos a almofada pareceu-me menos aborrecida….
Sim, dormir um pouco, preparar-me para este Novembro… para um doce Novembro.

Saturday, October 28, 2006

maybe: insane.


acordar depois de não dormir...
pijama de ansiedades colado sobre a pele...despir-me delas... voltar a elas. estão em mim.
concentrar-me em me concentrar...
vã esperança...
o trabalho aperta, o pensamento esquiva-se e em minutos estou por ai, perdida de mim (ou talvez mais perto).
parar sobre o café, sorrir quando apetece chorar.
sorrir mesmo.
e no minuto em que se cala o sorriso sentir o aperto da... saudade?
sim, da saudade.
sim...saudade!
calo o que digo, não quero pensar.
volto ao trabalho, sem trabalhar...
e nesta e n'outra confusão sentir o chão fugir...(talvez endoidecer)...
img: sarah joncas

Tuesday, October 24, 2006

[ a l í v i o ]

sossegar... pousar o dia chato numa chávena de café...
flutuar em cadeirões suspensos, calmamente perdidos no bulício da cidade...
e sonhar, orgulhar-me...descansar...
largos, tranquilos e mornos minutos depois: apertar o casaco, aconchegar o lenço sobre o pescoço e deliciar-me na balbúrdia da cidade, já vestida de noite...sentir-lhe o frio.
sentir.
...sentir...
(shhhh...e ainda o dia me oferece o teu abraço. que bom!)
img. ali cavanaugh

Sunday, October 22, 2006

delírios de analgésicos para a gripe

img. Lisa Henderling
E se algures a nossa vida estivesse a ser escrita num livro qualquer, a nossa vida escrita a partir do nosso primeiro respirar?
Registava-se o primeiro abraço à mãe, a choraminguice do pai, tios, avós ao ver-nos na maternidade. O primeiro amigo de fraldas; a mana a chegar; os primos a nascerem; a fase do colégio. O primeiro grande arranhão no joelho. Os primeiros graaandes amigos. O primeiro beijo, a primeira musica especial, o primeiro teste com 20 e a primeira negativa. A primeira chamada ao conselho directivo!
As aventuras, trapalhadas, desamores, paixões, perdas, vitórias… e infinitas folhas brancas por escrever pois acreditamos que somos eternos.
Até que chegam aqueles momentos em que queremos que no final do livro [como nos livrinhos das palavras cruzadas] se encontrem as soluções. Paramos de escrever e… pensamos, pensamos… não encontramos a solução certa, as palavras certas, as atitudes certas, os sentimentos certos.
[Queria fazer batota, queria folhear todas as páginas para ver as soluções. Posso?]

Friday, October 20, 2006

olhar para dentro


img. ali cavanaugh
e sentir-me assim!
(...e não conseguir dizer, escrever, pintar ou gritar muito mais que gestos surdos...)

Saturday, October 14, 2006

o outro sei lá....

img.Karincoma
Don’t know…
Je ne sais pas…
No lo so...
No lo sei...
知ってはいけない...
Nicht wissen...
تريد معرفه...
Bah.... sei lá!

Friday, October 13, 2006

...

sei lá...
[ s u s p i r o ]

img. ali cavanaugh

Wednesday, October 11, 2006

[ a uma alice que perdeu a wonderland...]


[ img. S. Phansavanhe ]


ei tu!... olhar perdido entre histórias fugidas...
ei tu! ... preguiça entalada entre sonhos escondidos...
ei tu!... tristeza esboçada entre poucos sorrisos...

ei tu! devolve-te a alegria cor de mar, relembra aventuras douradas pelo sol...a força maior que fomos buscar!

devolve-te à vida. deixa o sono cair. faz a alma dançar....e sorri.

e à noite ao deitar...
ou um pouco antes disso..

acende a luz,
e devagar

contempla a imagem que no espelho se espelhar...

e sorri satisfeita contigo. por TUDO.



[para ela]
(img.Shannon Bonatakis)
O soalho ainda estava quente do sol… sentia na pele das pernas enquanto as cruzava, o calor acolhedor dos últimos raios do Verão de Outubro… perdia-se entre as paredes cremes do quarto, contornava com a ponta do dedo os veios da madeira clara. Curvas e contra curvas, como corpos de mulheres… corpos perfeitos… sussurrava para ela em confissões… “um dia também vou ser assim”. Sabia lá ela que poderia ser perfeita apenas por ser única… [porque a perfeição somos nós que definimos] ninguém a avisara a tempo…

Digo-te eu agora pequena… tu és tão perfeita como a natureza te desenhou… perfeita porque os poros respiram, porque te arrepias com o frio, porque choras quando estás triste, porque anseias quando a surpresa se avinha, porque amas, porque te ris…
perfeita porque sim…

Monday, October 09, 2006

shiver

(img.Rebecca Wetzler)
Even when thoughts and leaves fall apart …
[They stay in my head like a song]
become into shiver…

Saturday, October 07, 2006

bedtime stories

img. alicia neal

o meu conto de embalar a poucos embalaria...

ao deitar, abro as páginas de cada dia, dispo as máscaras que o dia me obriga a vestir e folheio-me, já transparente.

e adormeço frágil, na dúvida... o sonho, esse, é eco de esperança (suspiro). ainda há.


Tuesday, October 03, 2006


(img. Julia Denos)

Apesar dos meus vários Outonos…

continuo na Idade dos Porquês

[Quero encolher os ombros como antigamente e correr pelo recreio…talvez apanhe uma brisa que me esclareça…]

Sunday, September 24, 2006


(img. Michael Parkes)
The end…
Encerrou um capitulo…. Algumas páginas em branco dividem as histórias. Páginas tristes, desiludidas, vazias… demasiado vazias. Esfolhei pacientemente estes dias brancos riscando alguns traços coloridos por distracção, para não me esquecer que já os passara. E mais uma página, outra página…

E agora cheguei ao novo capitulo. Escrevo com um novo entusiasmo “Era uma vez, riscaram-me na pele para não me esquecer “podes voar para onde quiseres”
, de “olhos cristalinos” preparo-me.

Hoje [vindo de há tantos meses atrás] lembraste-me.

Thursday, September 21, 2006

Outono..e um pouco de Gabriel


img. Gianluca Ciufoli
[No primeiro dia de Outono ouvi no rádio do carro]
"Tás a ver? A linha do horizonte
A levitar, a evitar que o céu se desmonte?
foi seguindo essa linha que notei
que o mar na verdade é uma ponte
atravessei-a e fui a outros litorais
e no começo eu reparei nas diferenças
mas com o tempo eu percebi, e cada vez percebo mais
como as vidas são iguais, muito mais do que se pensa
(...)
mudam os olhos e tudo o que eles olham
mas quando molham, todos olham com o mesmo olhar
(...)
por mais que seja egoista
aprendi a partilhar derrotas e conquistas
nada disso me pertence
é tudo temporário no tapete voador do calendário
há que ter força para somar e dividir
enquanto estivermos aqui,
se me ouvires cantando canta comigo
se me vires chorando, sorri."
[Gabriel, o Pensador e Berna Ceppas, "Tás a Ver?"]

Tuesday, September 19, 2006

. foi em setembro .

[ obrigada ]
img. tipika

Saturday, September 16, 2006



Corar…pois….
por cumplicidade
por algo me agradar
por algo me comprometer
por algo me surpreender
por algo me alegrar
por algo me envergonhar
E…corar apenas por corar!


Não vale a pena decifrar a corzinha que me invade as bochechas, coro apenas por pensar “seria muito constrangedor corar neste momento” e basta…. Cá está o rosto rosadinho que compromete qualquer coisa que diga ou faça, que transmite a mensagem “tu não me és indiferente” mesmo que não seja bem assim!
Corar… pois… um problema…

[e enfim… paguei a meia-de-leite ao rapaz que me atendia no café e saí com um sorriso ainda mais comprometedor por tudo o que pensei que ele pensou]

Wednesday, September 13, 2006

chove.


visto o pijama nublado como o dia lá fora.

vejo chegarem as primeiras chuvas, frescas, saborosas...fazendo chorar os primeiros acordes de outono sobre as janelas...

talvez saia sob a chuva para o conforto de um café, talvez umas e outras calorosas gargalhadas, talvez para não me lembrar do que tento esquecer - até pousar o dia na almofada...talvez.
[img. carmen segovia]

Tuesday, September 12, 2006

back!


Sento-me e é como se me abraçasse todo aquele espaço.
Inspiro. Oiço os acordes familiares que acompanham desde sempre o sabor a café.
“estou de volta.

O sorriso rasgado do costume arrisca o habitual pedido: “um café e um copo de água”…
Eu aceno um sim, sorrindo… e perco-me a pensar: “estou de volta.

Todo o bairro me recebe com um sorriso. No “bom dia” das vizinhas há murmúrios de regresso…”bem-vinda a casa!”… e seguem, sussurrando cusquices, entretidas. Percorro as habituais ruas, deliciada. Tudo na mesma. O mesmo abraço morno do meu bairro feliz. As árvores (tantas!!) já embalam uma leve brisa de Outono, fazendo chover aqui e ali folhas cansadas do calor de verão. As mesmas paredes, fachadas, janelas, vasos, flores… as mesmas caras e cores…


O café vem com um sorriso maior que o mundo. E o meu mundo faz-se feliz naqueles escassos metros quadrados de um café cheio de histórias.
[img. Pep Montserrat]
ps: e é partilhando regressos e mudanças, entre chás, cafés e doces de outras paragens... entre suaves palavras tons de canela e saborosas gargalhadas de menta... entre amigos... que o mundo me abraça e abraço o mundo, talvez já pronta para tão altos desafios.

Sunday, September 10, 2006

sentido soneto.















"De repente, do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento

Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente

Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente
Fez-se do amigo próximo o distante

Fez-se da vida uma aventura errante

De repente, não mais que de repente."





[Soneto da Separação, por Vinicius de Moraes
foto by João Varela]

Friday, September 08, 2006

Cá estou



Travamos o carro aqui á porta. Tirei as malas do porta-bagagem e carreguei o pequeno bonsai de retorno a casa.
Olho para as minhas árvores da rua ainda espessas de verde “sim… falta pouco para caírem, o Outono nada nada está chegar”.
Respiro fundo.
As borboletas no estômago dão-me energia para enfrentar esta nova etapa. Estou numa das minhas cidades, na “menina e moça” que daqui a pouco cheira a castanhas e tem brisas de fado. Despeço-me da boleia, atiro as malas para casa “Logo arrumo”.
Corro para ver o azul e pisar as pedras da calçada. “Confirma-se! Tudo como deixei”, visito o café do meu bairro e o sorriso rasgado tão familiar do senhor do balcão dá-me as boas vindas á capital.
Recebo a mensagem
“Rapto imediato”
que me leva a amigos e a novidades.

Cá estou outra vez, com aromas canela, entre ruas protegidas pela ponte vermelha, a escrever o meu enredo na cidade das mil e uma colinas e espelho azul.

Thursday, September 07, 2006

...pues caminando...

se hace el camino...

desligo-me desse mundo

( dolorosa decisão ).
img. agatha katzensprung

WANTED


procuram-se noites tranquilas e sonhos doces...
[ malditas insónias ]
( ... )

img. Penelope Dullaghan

Wednesday, August 30, 2006


(foto by Pepper)

4dias…4 dias para as minhas férias acabarem… 4 dias até o meu Verão ficar em “stand by”!
Sento-me na areia com o sol cansado pelo esforço de aquecer-nos as peles durante tantas horas, pego no caderno quadriculado com toque de pimenta e releio todos os pontos que queria fazer nestes meses solarengos…

Check, check, check faltam poucas coisas a cumprir, nunca é demais algumas morangonas, varandas frescas pelas estrelas, e juntar aqueles amigos que só por estarem por perto me fazem gargalhar! Levanto-me, sacudo a areia… “é hoje o jantar!”

O trio junta-se novamente: pimenta, sal e canela, “vá... bora lá preparar a sangria e assar as chouriças antes que o Outono me invada os dias e vamos rir até as bochechas não aguentarem mais!”

Tuesday, August 29, 2006



"Atreve-te! Pelo menos sabes que estás vivo!"

img.Jennifer Gennari

Tuesday, August 22, 2006

porque:

"Se tanto me dói que as coisas passem
é porque cada instante em mim foi vivo
na busca de um bem definitivo
em que as coisas de amor se eternizassem."

Sophia de Mello Breyner Andresen
img. agatha katzensprung

Monday, August 21, 2006


E como no cinema... com pequenos detalhes tentamos mudar para melhor o destino de quem cruza connosco... consegui hoje!
[ talvez o segredo esteja na covinha =p ]

Sunday, August 20, 2006




[não é preciso apresentações ;)]

Thursday, August 17, 2006




Sabes? Se indicasse aqui a lista de sonhos da minha vida … daqueles sonhos dos mais importantes… indicava quatro.
O primeiro… tu sabes bem qual é, conquistei-o com ajuda de tantas mãos que me sustentaram em céus e nuvens.
Outro mantenho-o junto a mim, realizei-o e guardei-o. Aclara-me o mundo e apaga fantasmas antigos.
O penúltimo decidi realizá-lo há poucos dias… cá arregaço as mangas e avanço. Decidi o caminho, vou percorre-lo, não com o apoio de tantas mãos… percorro com o consentimento de dois pares tão importantes nos meus dias e com o meu sorriso
[o tal sorriso que cresce quando se cai e que cresce quando crescemos…digo, com a minha falta de jeito para provérbios, “há males que vêm por bem” e se o bem não vem logo vou eu buscá-lo pois não há paciência para esperar muito tempo]


“yes...There are still stars and lights in my hair…All painted by kisses, all painted by friends, all painted by memories”

[O ultimo sonho, mais irreal do que qualquer outro, deixo-o em aberto…é sempre bom ter um bem lá no alto para iluminar as nossas escolhas e permitir sonhar sempre… mas cá entre nós… um dia... sim... um dia conto-te ]

(painting "my own best friend")

nublada


[amanheceu solarengo...o dia.
e depressa se acizentou...o céu.]
deito-me sobre os pastos que alguém esqueceu. aconchego o vestido no casaco que o frio me lembrou de trazer. e fito, horas a fio...um céu nublado...
talvez a terra me sussurre um sentido. talvez encontre essa garra que falhou. talvez.
...faz frio...
ainda bem que trouxe o casaco...
quero anotar as mil coisas que não fiz! lançar-me na aventura de as fazer...lembrar-me, entretanto, de mil mais! quero deter-me no saber porque caminho, para que desperto!! quero dançar, dançar, dançar sobre os meus dias...não mais dormir!...
talvez chova...
ainda bem que trouxe o casaco...
quero gritar, sorrir, saltar...não mais parar!!! quero começar.
...ou talvez não chova...
ainda bem que trouxe o casaco...
quero rasgar o céu nublado em mim, fazer o sol brilhar!quero não mais chover!
quero afastar o que é confuso,descansar.
talvez não chova.
quero não mais perder o norte, o sul...o sol. quero não mais perder-me de quem sou.
e no entanto talvez perder-me por ai...(em milhares de novos sitios e lugares)
quero num abraço e noutro e outro (que saudades), saber que sou quem sou, e ser feliz!
img.agatha katzensprung

Wednesday, August 16, 2006



Um cruzar de ruas… cruzar de vidas…
É o mistério da cidade… as teias urbanas de caminhos e opções… emoções
A paragem na montra, o picar do bilhete, o apanhar do saco que escapuliu da mão, os atalhos, os passos lentos, as pressas ritmadas… os encontros e desencontros definem-se, redefinem-se… acreditamos assim nas coincidências… nas trocas de olhares.


[Olá… foi bom rever-te…] não pelas palavras trocadas, não pelo abraço apertado, não pelo olhar preso que procurava as diferenças que os últimos meses actuaram em nós…não por te querer passar em segundos tudo aquilo que vivi entretanto… mas sim por continuares a ser aquele menino que nas tardes de verão me invadia a casa contando historias de terror tão credíveis que nos obrigava a ir para a varanda até o medo passar, que me roubava as tostas com doce enquanto cantávamos as musicas dos anúncios da televisão, que desenhava e sonhava comigo futuros incríveis… e que apesar dos caminhos tão distintos e do tempo implacável continua a ter a mesma aura que eu.
[cheiraste-me a caramelo como as tardes de antigamente… quero outras tantas só para te ouvir as aventuras e contar-te as minhas histórias]

(img. A. dragulescu)

Saturday, August 12, 2006

...não sabemos nada...



"Nunca saberemos se os enganados
são os sentidos ou os sentimentos,
se viaja o comboio ou a nossa vontade
se as cidades mudam de lugar
ou se todas as casas são a mesma.
Nunca saberemos se quem nos espera
é quem nos deve esperar, nem sequer
quem temos de aguardar no meio
de um cais frio. Não sabemos nada.
Avançamos às cegas e duvidamos
se isto que se parece com a alegria
é só o sinal definitivo
de que nos voltámos a enganar."

amalia bautista
em Tres deseos; Renacimiento, Sevilla, 2006
img: carmen segovia

Friday, August 11, 2006

[dia-não]


obrigo-me a adormecer, para que o amanhã chegue...
e para que o tédio dê lugar ao sonho e me lembre de toda a magia que tenho visto...
"tira a mão do queixo, não penses mais nisso...", canta um rasgo de alegria atrevido,escondido entre o dia nublado...
(ecos de um piano, de um album esquecido entre memórias abafadas...)
e durmo...
( img: josh cochran )

Tuesday, August 08, 2006

espantalhos


destinada a sentir saudades onde quer que aterrasse a casa, a menina-coração-de-pimenta fotografava tudo com a maior das precisões. para mais tarde recordar vivamente esses lugares onde se perdera (e mais que tudo, se encontrara...), essas pessoas que deixava longe... e afugentar a solidão que tantas vezes a visitava...
e passava largos dias, entretida, a criar o seu espantalho...
img.: Tinou Le Joly Senoville

laços


olho a tua meninice e sinto o aroma suave que ainda desprendes...o mesmo de quando ainda te conseguia segurar nos meus braços pequeninos e trapalhões...hoje ris por ainda conservar o meu jeito trapalhão...
olho-te no teu corpo de mulher e pensamentos de menina...o tempo parou sobre os teus pensamentos, e avança sobre o teu corpo, transformando-o sem pudor.
o rosto grave e sério, onde por (cada vez mais raras) vezes se rasga um sorriso... o corpo pesado, cansado e triste...

eu escavo!, furo!, rompo!... mas ja não chego a ti.

por isso, quando te olho, mergulho nas memórias de quando, aos seis anos, vi chegar uma "invasora" a casa, com quem tive de dividir tudo...e que pouco-a-pouco me ensinou o valor da partilha...

lembro-me de quando me debruçava no berço e soltavas deliciosas gargalhadas...ou quando atropelavas as primeiras palavras, inventando novos e deslumbrantes alfabetos... e lembro o negro dos teus cabelos revoltos, sobre o teu rosto rosado...suspirando sempre um sopro oriental...

lembro.
choro.
sem que notes. porque perdeste o fulgor das gargalhadas... porque a luz se apagou e porque não consigo desenlear o novelo onde te aninhas, te escondes...
porque os nossos laços não são, hoje, mais do que o vermelho pulsante que corre cá dentro... e as memórias felizes que guardo de ti.
e eu.. que queria explica-te mil coisas... contar-te outras mil... mimar-te, guiar-te, ajudar-te... encolho os ombros porque não me dás alternativa e sigo de longe, sem que saibas, cada passo teu.
img. carmen segovia

Sunday, August 06, 2006



Contavam-lhe histórias de torres altas e dragões… de caixinhas de música, bailarinas, de princesinhas e desfechos perfeitos.
Contavam-lhe histórias de como as coincidências, as escolhas, sentimentos tinham uma ordem mágica que nos indicava o caminho certo.
Contavam-lhe histórias de cenários fascinantes, de rostos deliciosos e de acordes envolventes.

E ao longo dos anos desacreditou… rasgou aos poucos as páginas desses livros e queimou… os enganos diminuíram mas a realidade impôs-se de uma forma demasiado fria.
Até que decidiu fechar os olhos e rabiscar no escuro algumas linhas novas de histórias encantadoras. Rabiscava confiante no apenas “porque sim”, confiante nos novos traços tentadoramente doces.

… intensos rabiscos desentendidos…

(pergunto-te... desenhos sentidos ? ou riscos sem sentido?)

[e desta vez a própria realidade arrancou-lhe as folhas esquiçadas e queimou-as!]

“- Já te disse pequena, essas coisas não existem! Tinha-te como mais esperta!”

Saturday, August 05, 2006

humidade relativa: 87%

terra quente, magmática...tranquila...
fresca, atlântica...festiva...
lugar de sonho, de história, de estórias...
terceira, açores
img. by pepper


verde sobre azul


daqui, onde o céu tem este humor inconstante, que pauta os dias de uma saborosa imprevisibilidade...
daqui, onde o castanho dos meus olhos se fizeram azul-mar...

murmuro um suspiro de férias, respiro fundo e deslumbro-me perante paisagens que emudecem e tornam as palavras pequenas, insuficientes para descrever cada "frame" de verde e azul...
aqui, abraçada pelo atlântico, estou em casa!

e encho as malas de diferentes (e tantos!) tons de azul, do negro das areias sob o mar quente, do verde fresco, das nesgas azuis-céu entre o cinzento-nuvem habitual, do sol que brilha de repente e que convida a um dia de festa!!!... encho o olhar deslumbrado de memórias...e anoto as palavras mais fiéis a todo este espectáculo... para poder partilhá-lo, depois, numa noite morna de café, um pouco mais a sul [recordo a visão salgada, polvilhada de branco, que o meu abrir de asas sobre o céu me ofereceu a caminho daqui...]

... (suspiro e emudeço, tranquila, entretida a organizar a minha nova paleta de tons) ...
img.:mjo

Thursday, July 27, 2006



[Re] delineei caminhos numa cidade distante…
[Re] lembrei cheiros e cores, sons, conversas, bebidas, sabores… [recordei as aventuras loucas de quem não tem medo do instante presente!!]
recordei o gigante neon "SI" da Via Torino que me autorizava a casar com o recém-conhecido de caracóis que teimou com o meu olhar…
recordei o dedilhar das violas na praça a meia luz cheia de malabaristas e jovens perdidos em fumos que davam uma vida agitada e irresistível àquelas colunas de séculos e séculos atrás…
Essa Via que subi e desci tanta vez a qualquer hora do dia e da noite… com aragem outonal ou com a neve de meio metro de altura.

[É com algumas lágrimas marotas que sorriu por ter sido a miúda mais feliz do mundo quando rumei aos meus sonhos não tão impossíveis… agora é esta nostalgia pesada que se transforma a todo o instante na vontade de conquistar mais umas quantas coordenadas do globo… ]

Monday, July 24, 2006



Final da tarde… como adoro esta passagem de humor do dia: mudança da azáfama solarenga para um estado melancólico, como se o próprio dia se interrogasse quantas estrelas lhe vão polvilhar o céu.

A ligeira brisa marítima acalma o tostado da pele que o teimoso sol marcou, caminho por entre o murmurar das ondas que se desfazem na areia. Delineio os meus passos por entre as marcas deixadas pelo sal, seria tão mais fácil se o caminho que optássemos na vida fosse percorrido de forma tão natural como as ondas do mar… [segue o sal… apenas isso]


Espero por aqueles segundos em que o mundo pára... momento em que a onda recolhe como um respirar preso… tudo fica suspenso por dois segundos até o mar sussurrar outra vez. Dois segundos para eu ter a oportunidade de me descobrir outra vez… tempo de relembrar tudo o que senti de um ano até aqui…

… que denso… desfaço nós, lembranças, lágrimas e sorrisos, saudades, beijos, músicas, ilusões [desfaço os tais castelos de areia com breves histórias e semi-reis]… liberto tudo para o meu mar… solta-se o peso do doce e do amargo… vem em troca as gotas frescas da leveza… [guarda-me tudo isto mar…pelo menos por esta noite, venho buscar amanhã as recordações, para esboçar entretanto o que quero para o meu presente]


E a menina canela seguiu com a liberdade de quem nasce outra vez, carregando apenas o segredo de que o mar tem este poder mágico de parar o tempo.



Tuesday, July 18, 2006


img.Tipika
[Não é do mais fascinante que o Homem tenta alcançar? a procura do “incondicional”? Aquele sentimento tão confortante como irreal de “estar aqui para tudo… para sempre”]
Mas é quando te falta aquele chão que achas seguro…
quando vês que o incondicional é uma miragem…
quando sentes que o certo não é bem assim…
ACORDAS
Deixas as réstias de ingenuidade… amadureces.

Lamento…mas há marcas difíceis de contornar.

[Tento não deixar escapar alguns farrapos de esperança, acredito nos outros apoios tão docemente “incondicionais” que se registaram como veteranos nesta minha história semi-escrita com mil sorrisos… estes solidificam]
E para qualquer duvida tua: mesmo que fosses psicopata, dealer, o próximo Arafat… não te atiraria a primeira pedra, nem nenhuma que se seguisse... [dir-te-ia ao ouvido que não estava correcto] e provavelmente proteger-te-ia das pedras que te lançassem… idiotice? Não… é apenas o fascinante do incondicional.