e mais nada será preciso.

img. Leighton, The Painters Honeymoon



e um dia, sem medo, a menina coração-de-pimenta chegou-se perto dele...e...

Amo o modo como fitas o papel em branco, em tom de desafio…
Como instantes antes de te lançares sobre os teus traços a tua mão escorrega sobre a textura da folha.

Senta-te comigo a desenhar.
Senta os teus olhos verde-perto junto a mim e deixa-me desenhar contigo…

Dá-me formas, dá-me riscos, dá-me imagens, dá-me espaços, dá-me traços!
Partilha comigo o fulgor com que te lanças no DESENHO, esse mundo tão sedutoramente teu.
E mais nada será preciso.

Hesitou. Nada disse. Mas o pensamento esse... guardou-o com cuidado para um dia lhe poder sussurrar...

em que pensas tu?, disse ele...

Nada, disse ela.
...

(o eterno NADA que TUDO significa... )

oiçam!

por mais pontapés, rasteiras, trafulhices, chatices, males, dores, queixumes, lágrimas, desgostos, raivas, desalentos, quedas, enganos, maçadas, tristezas, melancolias, frustrações, inquietações, amarguras, mágoas e todos os descontentamentos que resolverem surgir...


eu vou sorrir!


(e todos os substantivos, adjectivos e estados de espírito mencionados e relacionados morreram de vergonha!)

after the rain comes sun...

img Anne Herbauts

É assim em ilustrações como estas, que se arranjam forças para sorrir e dar a volta à chuva (sendo a chuva a crua personificação desses problemas chuvosos que raras vezes resolvem chover-nos em cima!)...
É em ilustrações como estas que se encontra a força para seguir... e é em ilustrações destas que me deslumbro, delicio e mergulho (e não raras vezes) para me ver sorrir!

img Leyendecker (adaptada)

Soon I will arrive in our palace …
I will bring a painted box of thoughts and feelings…
A world of heartbeats...

o post de ontem, no dia de hoje

Sabemos que sim… tudo acaba… Espero apenas poder sorrir sempre que o “The End” surja no ecrã pelo encantador filme que assisti.

as lágrimas essas… são de respeito e saudade

(cá estaremos para te recordar avô)

sobre as pedras

de bicos de pés... ela pedia para que estes se soltassem do chão… que levitassem suavemente por entre as sombras da lua… tocando ao de leve na cal branca da parede… levitaria até à varanda que lhe prometia o beijo… estaria ele a dormir?

Julgava que sim...

esperava que não…

ela não levitou

ele não acordou

[talvez amanhã]

voltou para casa pisando as mornas pedrinhas naquela noite de verão,

confortava-se por ter mais um dia para edificar o mundo que lhe queria oferecer…

[… até que o mundo se tornou gigante para ti,

já nem faz sentido levitar à tua janela,

triste a desilusão]

se nós

img Schiele

"Se nós nas travessuras das noites eternas,
Já confundimos tanto as nossas pernas,
Diz-me com que pernas eu devo seguir.

Se entornaste a nossa sorte pelo chão...

Se na bagunça do teu coração, meu sangue errou de veia e se perdeu…"

Chico Buarque

[L]AR quente...

conforto sob a forma de casa...
a calma entre as paredes que árvores embalam...

o sol sobre as manhãs, os despertares calorosos, ainda que o tempo diga "frio".

é este o chão quente que habitamos.

solo da casa que a vida arquitectou que nunca deixasse de ser nossa.

Uma paragem de bus sob os raios de sol de madrugada…
Rio (miragem de mar)
Reprodução de pinturas passadas.

foi com muito gosto que fingi abrir-te a porta,

porta que apenas tu escancaraste
para [re]viver

Now we know, we belong to nowhere…we are truth and spicily free.

timidamente..

timidamente grito a esse pretérito que me dizias ser perfeito...


hoje sei.
corrompeste tudo.

invadiste!. Insististe! . estragaste! . partiste!. quebraste!.

pegaste sem pudor em cada traço que fazia de mim o sorriso que era EU e redesenhaste tudo à tua rude maneira! Pegaste em mim: nas minhas mãos, nas minhas pernas, no corpo que deixei despir perante o teu e que com raiva e sem querer ainda recordo… pegaste no meu estar, no meu ser, no meu sonhar… fizeste os teus hábeis malabarismos para impressionar. e sorrias. Sussuraste muitas vezes não sermos o que sonhavas que fossemos.

Hoje lembro-te ao passar nas ruas onde descobri(mos) gargalhadas. De ti pouco restou. De ti não há boas memórias. E aos poucos, cada uma se evapora de mim, desprendendo esse alivio cada vez maior que é esquecer-me de ti.

Corrompeste tudo.

Esqueço-me de ti no regresso a esta minha terra do nunca – onde mora a capacidade de nunca deixar de me deslumbrar. Esqueço-me de ti no regresso a mim.

E sossego.

And so it is…

acabou o “era uma vez” de histórias encantadas, de respirações suaves.
desabou o castelo de areia moldado a dois entre conchas e raios de sol.
desafinou a melodia das ondas que tanta coisa contava de ti.
evaporou-se o beijo…
ficou a tristeza de não entenderes que nunca te exigi o príncipe que fingias ser…
hope you live happily for ever after.

(ou que te lixes… nem sei)

..a banda sonora dos sonhos...

a menina coraçao-de-pimenta despertava radiante quando a noite lhe oferecia essas fantásticas viagens sobre o mapa... com elas já percorrera kilómetros de áfrica... tardes de cuba... amanheceres no Oriente!!!...



acordada, passava o resto do dia em aventuras, perdida em diversas coordenadas... e dentro de si, a musica ecoava...

"... dos gardenias para ti

Con ellas quiero decir..................................."

[sor]rio... ou...

três horas de rio e (ecos de mar) depois... vestira-se de quietude.

chegava agora a casa... e sorria satisfeita com toda a alegria que trazia nos bolsos.