Thursday, June 15, 2006



As teclas da máquina de escrever eram combinadas impulsivamente enquanto a melodia do piano soava na sala ao lado. A vontade de gravar nas folhas brancas as memorias dos últimos tempos era arrebatadora… as folhas marcadas eram jogadas para trás para outras novas serem confidentes… Escrevia sobre quatro meses…quatro meses densos [tão densos]. Algumas lágrimas escorriam quando recordava que fora obrigada a acordar de um sonho que vivera… que ao acordar deparara-se com um vazio imenso… que perdera num sopro alguns que amava e que sempre a acompanharam… Mas não declamava com a velha máquina a tristeza que sentia mas sim como tentou viver intensamente os entretantos… como quis “enganar o desencanto”.
Sim… porque a felicidade está nestes mesmos entretantos, a felicidade está em poder escrever em folhas brancas sonhos passados e futuros, está em poder ouvir o piano da sala ao lado, de poder homenagear quem nos deixou, de poder partilhar sentimentos, de poder rir, criar laços, reescrever histórias antigas, de provocar gargalhadas, de receber beijos e abraços, de comer morangos, de fazer e desfazer malas, delinear viagens, partilhar melodias…
[quatro meses pesados…tão pesados, que ela sobrevoou sem nunca ter tocado com os pés no chão]

Esqueceu-se das lágrimas, esqueceu-se das folhas, saiu do quarto em direcção à sala do piano e dançou.

1 comment:

Anonymous said...

Toca nesse interruptor dos sentidos e procura o sentido da pauta k se descreve perante ti entre sons e ritmos de uma composição já delineada...
E depois de dançares, olha pela janela... Já faz sol e calor. Já chegou o verão... Já passou tanto tempo...
Sai, vai à esplanada, vê o mundo e come o tal gelado...